Vivemos numa época em que cada vez menos dependemos uns dos
outros. A tendência é o isolamento ser cada vez mais forte. Isto nos traz
algumas consequências como sensação de abandono, tristeza, angústia e falta do
sentimento de pertencer.
Vida corrida e compromissos que nos distraem fazendo-nos não
usar o tempo para os relacionamentos; internet que nos mantém conectados com
outros e nos desconectam de quem está do nosso lado fisicamente; televisão que
nos faz passivos diante da vida, são alguns dos itens que podem atrapalhar este
contato com os outros.
O problema começa a ficar mais grave quando isto atinge a
própria família. Cada um acorda de manhã, toma o seu desjejum ou muitas vezes
não toma, e vai para suas atividades, trabalho, estudos, etc. Alguns voltam
para almoçar em casa, outros não. Quando a noite chega, cansados, tomam seu
banho e comem alguma coisa, geralmente cada um no seu mundo. Alguns assistem
televisão para saber as notícias do dia, algo talvez repetido do que já ouviu
no rádio do carro, ou talvez assistem o capítulo da novela enquanto outros
ficam no computador, talvez na internet atualizando os emails.
O contato é mínimo entre si e este muitas vezes gira em
torno de: “Menino, vai arrumar a cama”, “Não brigue com seu irmão”, ou “Você
não jogou o lixo ainda?”, “Para de falar alto aí na cozinha que quero ouvir meu
jornal”. E assim as famílias vão seguindo seu padrão de comportamento. Chega um
ponto em que o filho fala do pai: “Meu pai está muito velho, ele não me entende
mais” e o pai fala do filho: “Meu filho não me respeita, ele está revoltado”.
Ao mesmo tempo, a mulher reclama do marido: “Ele não liga para os meus
sentimentos”.
Enfim, são situações que nos atingem e que muitas vezes
promovem desentendimentos, estresse, isolamento e até separações. Pagamos para
que o terapeuta nos ajude a enfrentar estes sintomas, fazemos terapia
individual ou grupal, mas temos a oportunidade de ter uma terapia de grupo
gratuita em casa, podendo ter a oportunidade de obter a resolução de boa parte
destes problemas, mas não nos damos conta disto.
A proposta deste artigo é nos fazer pensar um pouco em nossa
rotina diária, fazendo com que percebamos a importância de criarmos um ambiente
de empatia (nos colocarmos no lugar do outro para entendermos um pouco o que
ele está passando) dentro de casa. Poderíamos separar um tempo no dia para
reunirmos toda a família, desligarmos todo aparelho ou distração naquele
instante, sentarmos na sala ou em algum outro lugar confortável e começarmos a
conversar e a perguntar uns aos outros como foi o dia, o que aconteceu de bom
ou de ruim; este momento poderia ser para chorar, rir, ler um livro construtivo
em família e servir de ajuda para o outro e ser ajudado também; abrir um pouco
de nossa vida e permitir ser ajudado.
Temos a oportunidade de realizar uma terapia de grupo gratuita
em nossa própria casa onde os desentendimentos poderiam ser resolvidos, fazendo
com que os relacionamentos sejam solidificados evitando assim uma das causas ou
fatores predisponentes da depressão, que são relações familiares fracas.
Então separe um tempo com a sua família para conversar.
Conversar sobre a vida, as ansiedades, tristezas, temores e vitórias. Ao fazer
assim, automaticamente, estaremos formando uma sociedade mais saudável, mental
e socialmente.
Referências:
1 BAPTISTA, Makilim N; BAPTISTA, Adriana Said D; DIAS,
Rosana Righetto. Estrutura e suporte familiar como fatores de risco na
depressão de adolescentes. Psicol. cienc. prof. v.21 n.2 Brasília jun. 2001
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